segunda-feira, 3 de maio de 2010

Celebração

Celebrando a insanidade

Caixa craniana desnorteada

Debaixo da tempestade

Celebrando a crueldade

Mutilação de joelhos

Extinção da piedade

Celebrando a angustia

Respirando por aparelhos

Asfixiado com vomito

Celebrando a insensatez

Semeando a destruição

Submetido a hormônios

Celebrando a ignorância

Pregando a demência

Sustentando o colapso

Celebração divina, celebração química

Celebração do azar, celebração da sorte

Celebração espírita, celebração da morte

Celebrando o genocídio

Aniquilação em massa

Homens bombas suicidas

Celebrando a desgraça

Bebendo o sangue dos trabalhadores

Disseminando o extermínio

Celebrando o apodrecimento

Inevitável processo bioquímico

Agonizando com o tempo

Celebrando o prazer

As drogas e a prostituição

Legalizando o hedonismo

Celebrando a corrupção

A mídia e a manipulação

A data da abolição

Celebração satânica, celebração da impunidade

Celebração da escravidão, celebração da liberdade

Celebração da capação, celebração da fatalidade

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Homeopatia

Caindo na madrugada

Afundado em lama

Dormindo na sarjeta

No meio da semana

Acordando na valeta

Já sem esperança

O que você pensa não fale pra ninguém

O que você faz não conte a ninguém

Degolando a jugular

Movendo como uma pantera

Exibindo esse exuberante corpo

Como minha puta predileta

Pequena linda criança

Pupilas dilatadas já sem esperança

O que você faz não conte a ninguém

O que você pensa não fale pra ninguém

Com o perfume que as deusas

Provavelmente possuem

De quatro na mesa

Exalando prazer e tristeza

Uma cabeça com um novo par de chifres

Mulher adultera me enlouqueça

O que você pensa não fale pra ninguém

O que você faz não conte a ninguém

O que os olhos não vêem

A mente não processa

O que os ouvidos não escutam

Já é um assunto morto

O que a boca não fala

Não cria expectativas

Omitir informação

Não soa como mentira

O que você faz não conte a ninguém

O que você pensa não fale pra ninguém

O que você faz não conte a ninguém

terça-feira, 9 de março de 2010

Indigência


Andando como um cão castrado


E com três patas equilibrando


Descendo as ruas do descaso


Encarando a face do abandono


Das goteiras do terraço


Que escorrem do meu reduto


Minha decência em trapos


Sob o viaduto


Meu coração no sufoco


Minha paciência inadimplente


Meu sorriso encardido


Meu olhar indigente


Urinando nos postes


No labirinto do vicio


A beira da loucura


No trampolim do precipício


Inútil vida amarga


Esturricada ao sol


Eu teria mais serventia


Imerso em tanques de formol


Seria peças para estudantes


Teria uma existência após a morte


Manuseada friamente em aulas


Por luvas de látex branco


Sentindo melhor morto


Do que definhando


Chega de ser dócil


Eu aceito meu destino


Nasci para ser um fóssil


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Wood e Stock


Composição

A matéria que constitui nós todos

Tem basicamente a mesma composição

Protótipos do criador assim como Cristo

Moléculas sujeitas à degradação

E com os mesmos direitos dentro do país

Supostamente assegurados pela constituição

..

Putas, assassinos, pedófilos, bispos

Setenta por cento de água

Dois rins, dois olhos, um fígado,

Um albino, uma mulata, um paralitico

Esperando o desastre apocalíptico

Ou o dia de redenção

Que nos leve ao novo nível

Da putrefata decomposição

..

Enquanto isso vamos sobrevivendo

Sem saúde e sem educação

Hospitais com enormes filas de engarrafamento

De moribundos contaminados pelo chão

Comercio ilegal de armas nas escolas primarias

De drogas no ensino médio

Do corpo no fundamental

..

Insanidade das autoridades

Descaso total estatal

Uma ação mal planejada

E outra criança vira vegetal

..

Horas e horas de exposição na televisão

Para obter um curral eleitoral

Vivendo bem com patrimônio publico

Quem não quer ser político nesse caos

..

Ano bom é quando as eleições coincidem com a copa do mundo

Ano bom é quando as eleições coincidem com a copa do mundo

Ano bom é quando as eleições coincidem com a copa do mundo

..

Que pena eu tenho das próximas gerações

Que medo eu tenho do que nos reserva o futuro

Que pena eu tenho das próximas gerações

Que medo eu tenho do que nos reserva o futuro

Que pena eu tenho das próximas gerações

Que medo eu tenho do que nos reserva o futuro

..

Foda-se

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Cardápio Canibal




O amargo sabor da crueldade

É como açúcar no paladar da impunidade

Mastigado com voraz insanidade

Na boca histérica da sociedade

Onde a baba infectada com a raiva escorre

A saliva corrosiva da violência

Engolida na garganta do desgosto

Digeridas com o gosto da demência

Nauseando o estomago

Regurgitando velhas mentiras

O desastre como um vomito

A ressaca do homicida

O que é ruim e o que é maldoso

Nutri nossos filhos, nossas crianças

Com a dieta vazia de esperança

É alimentado nosso ingênuo povo

No restaurante demagogo

Bebe-se o sangue do genocídio

No cardápio antropófago

O prato do dia é o suicídio

Rede Satanás

Enquanto tudo dorme

A cidade não se cala

Ouve-se uma prece tecnológica

Reproduzida em alta escala

A televisão te oferece

Uma maçã envenenada

A saída do encosto

De quem se encontra no esgoto

Minha paciência é que esgotou

Obrigado a assistir

Uma porra de baboseira melodramática e apelativa

Que reproduzida todos os dias

Rendem muitas economias

Para os malditos donos das redes de comunicação em massa

Todos os dias com suas hipocrisias e falsas ideologias

Presentes em nossas casas

Que por mais miseráveis

Uma TV nunca falta

Prato cheio para religiões estelionatárias

E para os sanguessugas de almas

Perdidas e, continuamente, envenenadas por vocês

Mercadores do drama

Todos os dias na tela

Do canal 666

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